quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Cuidar da doença ou do doente?

A medicina é uma ciência fascinante, e não  podemos negar que, também é devido à ela que podemos ter uma qualidade de vida, afinal, todo ser vivo nasce, cresce, se reproduz (alguns né?) e morre, e nesse meio tempo também fica doente várias vezes, e se não tratado devidamente, acelera o processo de morte.
As pesquisas científicas a cada dia que passa, avança mais e mais, todos os dias temos novidade na área da saúde, é pesquisa com célula tronco, é um medicamento novo, é uma terapia nova, enfim... E com isso temos conseguido garantir um qualidade de vida e uma geração mais duradoura. Só que nesse meio tempo, vejo falar de dois assuntos contraditórios entre sí: humanismo e medicina paleativa.
Humanismo = Filosofia moral que coloca o ser humano em primeiro lugar em uma escala de importância.
 Que humanismo é esse que vemos no nosso meio, onde os médicos só querem saber da doença, olham para o paciente como um instrumento de trabalho, como se fosse um ser inanimádo, sem vida, sem sentimento, sem emocões. Vejo médicos todos os dias que entram num quarto de um hospital e não se preocupam com o bem estar do paciente, eles querem saber de como evolui a doença, em contra partida a equipe de enfermagem, que aguenta o tranco de cuidar de pessoas no momento mais frágil de suas vidas, elas cuidam do doente, e muitas das vezes são menosprezadas pelos médicos, que não levam em consideração a pressão que elas vivem com o doente e seus familiares.
Em contra partida temos hoje uma área da medicina, chamada medicina paleativa = Abordagem que objetiva a melhoria na qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameaça sua vida (pessoas em estado final), através da prevenção e alívio do sofrimento, através da identificação e avaliação no tratamento de dor e outros problemas físicos, psicológicos e espirituais.
Que estranho né?  Em um paciente que está a um passo da morte, eles se preocupam com a qualidade de "vida", até o momento da morte se instalar, porém em quem está vivo, eles não se preocupam tanto assim com qualidade de vida.
Precisamos rever nossos valores, pois é claro que precisamos da ciência para inumeras finalidades, más acredito que nenhum ser humanos deve ser usado como instrumento de pesquisa, e que todos devem ter qualidade de vida, seja um paciente com um simple e inofencivo resfriado ou aquele paciente portador de um câncer em estado terminal.
Também deixo claro que, existem excessões no meio dos profissionais de saúde, sejam médicos, enfermeiros ou qualquer outro que trate de doentes. Acredito que ainda existam pessoas "humanas" nesse meio, senão a humanidade estaria perdida.
É certo que, cedo ou tarde, jovem ou velho, ricos ou pobres, brancos ou negros, algum dia, em algum momento todos nós necessitaremos de cuidados médicos, por isso deixo aqui registrado meu apelo aos novos profissionais que se formaram, ou quem sabe, até para aqueles que já são veteranos, vamos ser mais humanos, faça pelo próximo o que você faria por você, não se preocupe somente com a doença, más com o contexto do paciente, e com certeza poderemos dar mais qualidade de vida, na vida e na morte.